Leituras, sujeitos-leitores e sentidos: Florence, uma última leitora?
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202168.238-249Palavras-chave:
Leitura, Gestos de interpretação, Sujeitos-leitores, Personagem-leitoraResumo
Neste trabalho, proponho pensar a leitura e o leitor a partir da perspectiva discursiva. O objetivo principal é refletir sobre possíveis modos de ler, bem como a constituição do sujeito-leitor e a produção de sentidos, utilizando em nível de exemplificação, os gestos de interpretação de Florence, a personagem-leitora do romance A menina que não sabia ler de John Harding. Para tanto, assinalo pontos de encontro entre as teorias da Literatura e da Análise de Discurso Francesa, doravante AD, utilizando-as como aporte teórico do artigo em tela. Esse exercício resulta na compreensão da leitura como uma prática social simbólica em que há sujeitos-leitores interpelados, suscetíveis de interpretações múltiplas em face de outras plausíveis pela relação de força constitutiva do texto. Compreendo que a posição-sujeito, em diferentes momentos e em diferentes condições, permite a variação do jogo dos sentidos possíveis inscritos em um texto. Desse modo, a relação do texto com outros textos e as leituras que dele foram feitas, assim como as leituras já realizadas pelos sujeitos, são constitutivas do sujeito-leitor e dos seus gestos de intepretação.