Marina, Lilith ou Eva em "Angústia"
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.199515-16.37-46Palavras-chave:
Graciliano Ramos, Angústia, crítica junguianaResumo
Este estudo pretende realizar, no romance Angústia de Graciliano Ramos, uma abordagem junguiana de aspectos do mecanismo de projeção do narrador autodiegético, Luís da Silva, em seu relacionamento com a protagonista, Marina.
A análise do comportamento sexual do referido personagem masculino baseia-se no levantamento de componentes de natureza psicológica, bem como em dados culturais, vinculados respectivamente a seu inconsciente coletivo e pessoal.
A anima, com atributos do "eterno feminino", é um fator transpessoal relevante da estrutura psíquica masculina. Luís da Silva, no processo de individuação, não conseguiu integrá-la à consciência, projetando-a insistentemente, com as características da arquetípica Lilith, sobre parceiras femininas, inclusive sobre Marina. Esta imagem, enraizada num profundo desejo inconsciente, se conflitua com outra, a de Eva, incorporada a seu inconsciente pessoal, pela educação e ambiente cultural.
Por não encontrar mulheres reais e sim modelos projetados conflituosos, Luís da Silva não consegue amá-las, nem tampouco ser amado.