Camões em solo tropical : auto imagem do escritor e a autonomia literária no Brasil pós independência
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.201657.24-47Palavras-chave:
História- literatura- Romantismo-literatos-século XIX-gênio nacionalResumo
A imagem do poeta lusitano renascentista, Luís de Camões, foi reapropriada no período do Romantismo para simbolizar a nação independente, tanto quanto foi destacado seu sacrifício pelas letras e seu destino trágico. Conterrâneo do poeta renascentista, o escritor português Almeida Garrett viveu em um momento conturbado da história portuguesa - a ocupação militar de 1807, o estabelecimento do rei no Rio de Janeiro, a revolução liberal do Porto - e escreveu no exílio na Inglaterra e depois na França, um poema consagrado a Camões, que inovou o panorama literário em 1825, em que enfatizava o sacrifício do poeta moderno por amor à arte e literatura e a ingratidão dos contemporâneos, produzindo um “mito camoniano”. Jovens literatos brasileiros, Domingos José Gonçalves de Magalhães e Manuel de Araújo Porto Alegre, ao procurar compor um repertório de obras para inaugurar uma literatura nacional, fizeram referência ao “mito de Camões” por meio de seus discursos, poemas e peças teatrais. Apesar da explícita rejeição à herança portuguesa em uma primeira fase após a independência, a alusão a Camões e a sua trágica morte tiveram como sentido, fixar a auto-imagem dos literatos, de um lado, como aqueles que se destacavam por serem dotados de gênio e, de outro, identificá-los como incompreendidos pela sociedade.
DOI: 10.28998/2317-9945.2016v2n57p24-47