Sobre a não argumentalidade de Se em português europeu: comparação com o caboverdiano
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.200433.167-183Palavras-chave:
Morfema se, semântica lexical e composicional, arquitectura da fraseResumo
Com o presente trabalho, pretendemos dar conta da ausência de
um morfema de reflexividade do tipo se em Caboverdiano (CV),
mostrando como a leitura reflexiva nesses contextos depende das
propriedades internas (semânticas) dos predicados. É também nosso
objectivo mostrar que a ausência desse morfema em CV e a sua
obrigatoriedade em determinados contextos em Português Europeu (PE)
se relacionam com diferenças na arquitectura da frase. Esperamos ainda
poder apontar uma nova via para o estudo de algumas formas clíticas em
PE, nomeadamente no que respeita à distinção entre os clíticos do tipo se
(argumentais e não-argumentais). As propostas teóricas da Morfologia
Distribuída (HALLE & MARANTZ, 1993, EMBICK & NOYER, 2001)
enquadram este nosso trabalho comparado, articulando princípios da
semântica lexical (estrutura argumental e grelha temática dos predicados),
da semântica composicional (interpretação da frase) e restrições de ordem
sintáctica (arquitectura da frase) para dar conta de fenômenos que
consideramos serem operados no módulo pós-sintáctico, na componente
morfofonológica da gramática.