Construções de redobro em português brasileiro: sujeitos tópicos vs. soletração do traço de pessoa
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.200433.135-145Palabras clave:
Redobro de sujeitos, deslocação à esquerda, morfologia verbalResumen
É sobejamente conhecido que o comportamento dos sujeitos pré-verbais constitui uma das diferenças entre o português brasileiro (PB) e o português europeu (PE). Trabalhos anteriores procuram relacionar esta diferença entre as duas línguas com o facto de se assistir a uma mudança do valor do Parâmetro do Sujeito Nulo em PB associada ao enfraquecimento de Infl (BARBOSA et al., 2001; BRITTO, 2000; COSTA; GALVES, 2002, e.o.). Este tipo de análise implica assumir que a construção com redobro se aproxima do que acontece em línguas em que o sujeito é necessariamente retomado por um pronome (clítico) que funciona como morfema de Agr, conforme assumido para o francês. Partindo do princípio de que, nesta língua, as construções de redobro do sujeito são casos de deslocação à esquerda (DE CAT, 2002), ocupando o sujeito e o pronome que o redobra posições estruturais distintas, propomos, para o PB, que o pronome fraco é uma marca de pessoa adjungida ao DP sujeito. Essa hipótese permite trazer alguns dados novos para a comparação entre PE e PB: i) o comportamento diferenciado dos sujeitos reflecte uma mudança no estatuto de Agr e não necessariamente no Parâmetro do Sujeito Nulo e ii) a sintaxe dos sujeitos pré-verbais não é necessariamente distinta, podendo estes, em ambas as línguas, ocupar a posição de especificador da categoria funcional flexional mais alta. Para a realização desta análise, utilizaremos o quadro teórico da Morfologia Distribuída (EMBICK; NOYER, 2001).