O discurso da sexperícia entre autoras e trabalhadoras do sexo

Abstract

Esse artigo tem como objetivo compreender os livros autobiográficos de três autoras que relatam suas experiências como profissionais do sexo. Baseando-me na noção de sexperícia, forjada pela linguista Marie-Anne Paveau, tendo-se inspirada nomeadamente no trabalho pioneiro do antropólogo Marcel Mauss, eu proponho a hipótese de que as autoras em questão mobilizam seu conhecimento sexual como capital profissional na busca de reconhecimento social. Acontece que essa é uma tarefa delicada, pois as autoras têm de lidar com o estigma que pesa sobre as sexualidades “desviantes” e, mais ainda, sobre a prostituição. Assim, as histórias estudadas, oscilando entre a consolidação e a transgressão de normas, fornecem excelente material para a sociologia da sexualidade e do gênero.