Da (as)simetria entre o corpo e a palavra: a testemunha e o testemunho no processo de construção de uma memória do/sobre o Holocausto

Resumo

Nesta breve reflexão, objetivamos compreender os efeitos possíveis de (as)simetria entre o corpo e a palavra do sobrevivente do Holocausto e desenvolver algumas discussões que explicitem a importância da testemunha e do testemunho no processo de construção de uma memória do/sobre o acontecimento. Para tanto, filiados à Análise de Discurso Francesa, retomamos algumas questões que empreendemos em outros momentos (xx), a fim de destacarmos como os sobreviventes do Holocausto, na posição de testemunhas, quando narram sobre as experiências vividas, corroboram para a construção dessa memória que, no entanto, jamais poderá ser considerada como “completa” ou “verdadeira” (ROBIN, 2016). Entendemos que, ao instaurarem o seu lugar de legitimidade na/para a construção de uma memória (possível) do/sobre o Holocausto, a testemunha e o testemunho estão conjurados, significando juntos, apontando versões (ORLANDI, 1996). Assim, pela irrupção do passado no presente, que vem perturbar as aparentes regularizações, os “tempos desjuntados” vão se acumulando, construindo uma narratividade nem sempre aceita, posto que colocam em cena corpos e palavras que testemunham, que perturbam a ordem, que propõem outras versões.