A concepção de sujeito em Bakhtin
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.200230.227-236Palavras-chave:
Dialogismo, ideologia, signo, sujeito e linguagemResumo
Mikhail Bakhtin, no prólogo de Marxismo e filosofia da
linguagem, diz que a literatura marxista carece de uma "descrição
definitiva e universalmente reconhecida da realidade específica dos
problemas ideológicos" (pág. 25). Mostra ainda que a ideologia é tratada,
no que diz respeito aos sujeitos, como manifestação da consciência numa
relação com o psiquismo, o que impede a consideração do papel da
língua, como realidade material específica da criação ideológica. A
proposta de analisar a concepção de sujeito que perpassa sua obra traz as
considerações anteriores para o centro da discussão, uma vez que para o
autor o sujeito é constituído pela palavra, que, por sua imersão no social,
é ideológica. É signo carregado de significado. Na relação interindividual
se constróem os objetos de pensamento, os sentidos que são portanto
sociais e não efeito de um trabalho psíquico não intermediado.
Anunciamos com isso três questões fundamentais para a caracterização
do sujeito em Bakhtin: a ideologia, a língua e a interação entre os
indivíduos.