A colonização na tessitura do Antropoceno: as ponderações de Ailton Krenak.
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202584.105-121Parole chiave:
Antropoceno, Colonização, Exploração, Colonialismo, Ailton KrenakAbstract
Esta pesquisa objetiva relacionar a colonização na perspectiva do Antropoceno. Como ferramenta metodológica, utilizaremos o conceito proposto por Crutzen (2000) em seus estudos sobre essa nova era geológica. A fim de propor uma nova visão sobre o tema, propomos evidenciar a dimensão sócio-histórica da teoria. Tomamos como referências primordiais nessa análise relacional, as ponderações de Bispo (2019) acerca da colonização. Almeja-se concluir, ao final, como as catástrofes históricas perpetradas, no período denominado Antropoceno, foram acentuadas em decorrência dos anseios coloniais. Nesse ponto, discutir-se-á, a noção de que tais catástrofes sociais foram também em razão da colonização do corpo, enquanto território, menosprezado fenotipicamente nas narrativas brancocentradas. Esse ponto de vista encontra-se alicerçado na cosmovisão defendida por Krenak (2022), na qual não se pode dissociar corpo e terra, pois as consequências afetam a ambos. Ao dialogar com as reflexões de Ailton Krenak, reforçar-se-á como as transformações, forjadas na colonização antropocênica, são sentidas até os dias atuais, pois foram intensamente perpassadas a grupos étnicos explorados durante a colonização.
Downloads
Riferimenti bibliografici
BISPO, Antônio. 2019. Colonização, Quilombos: Modos e significações. Brasília: AYÔ.
CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. São Paulo. Veneta, 2020.
CHAKRABARTY, Dipesh. The climate of history: four theses. Critical Inquiry, v.35, n.2, p.197-222, 2009.
CRUTZEN, Paul J.; STOERMER, Eugene F. The “Anthropocene”. Global Change Newsletter, v. 41, p. 17-18, maio/2000. Disponível em: https://acesse.dev/qe4ae. Acesso em: 27 mai. 2024.
DANTAS, Ricardo Avalone Athanásio; DA SILVA SARAIVA, Rutiele Pereira. Antropoceno a partir da Améfrica Ladina: confluências contracoloniais versus transfluências monoculturais. Revista de Antropologia da UFSCar, v. 14, n. 2, p. 20-37, 2022.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005.
FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. Trad. Sebastião Nascimento. São Paulo: Ubu Editora, 2020.
FERDINAND, Malcolm. 2022. Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho. São Paulo: Ubu Editora.
HARAWAY, Donna; ISHIKAWA, Noboru; GILBERT, Scott Frederick; KENNETH, Olwig; TSING, Anna Lowenhaupt; BUDANDT, Nils. Anthropologists are talking about the Anthropocene. Ethnos, v. 3, n. 81, p. 535-564, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1080/00141844.2015.1105838. Acesso em: 30 mai. 2024.
KRENAK, Ailton. Futuro ancestral. São Paulo. Companhia das Letras, 2022.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo. Companhia das Letras, 2020.
KRENAK, Ailton. (2015, abril 18). Colóquio internacional os mil nomes de gaia: Do antropoceno à idade da terra [arquivo de vídeo]. Recuperado de https://www. youtube.com/watch?v=k7C4G1jVBMs&t=972s
LUGONES, María. Rumo a um feminismo decolonial. Estudos Feministas, v. 22, n. 3, p. 935-952, 2014. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2014000300013.
MAIA, Fernando Joaquim Ferreira; FARIAS, Mayara Helena Veríssimo de. Colonialidade do poder: a formação do eurocentrismo como padrão de poder mundial por meio da colonização da América. Interações (Campo Grande), v. 21, p. 577-596, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/inter/a/wbtt55LdndtrwkfkvRN5vqb/. Acesso em: 13 mai. 2024.
SAID, Edward W. Cultura e imperialismo. Trad. Denise Bottmann. 1ª ed. São Paulo. Companhia de Bolso, 2011.
SHIVA, Vandana. Monoculturas da mente: perspectivas da biodiversidade e da biotecnologia. São Paulo: Editora Gaia, 2003.
WEDIG, Josiane Carine; RAMOS, João Daniel Dorneles. Colonialismo, plantation e Antropoceno: o controle sobre corpos e territórios. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 86, p. 16-30, 2023.