O discurso regulador da BNCC para a Educação Escolar Indígena

etnofagia neoliberal e biopolítica/necropolítica como sinônimos

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.28998/2175-6600.2024v16n38pe17652

Mots-clés :

Educação escolar indígena, Biopolítica, Necropolítica, Etnofagia neoliberal, Base Nacional Comum Curricular

Résumé

As narrativas nacionais neoliberais, ao mesmo tempo em que assumem um discurso de reconhecimento do caráter pluricultural do Estado, investem na manutenção de modelos socioeconômicos que ameaçam a identidade étnica dos povos indígenas. Essa estratégia do indigenismo etnófago reconhece as identidades, mas procura “devorá-las” a partir das suas bases, aniquilando, de modo sutil, sem o uso da violência direta de outrora, o caráter comunitário desses povos. Procuramos aproximar essa dimensão etnofágica das políticas neoliberais com a biopolítica, enquanto forma de gestão da população na dinâmica de fazer viver e deixar morrer, ou seja, formas de adequar a vida a certas demandas, criando um valor de utilidade sobre os indivíduos. No contexto da colonialidade, a biopolítica se torna necropolítica, de modo que certos grupos são vistos como selvagens, inferiores e não úteis. Considerando que a Base Nacional Comum Curricular assume o discurso homogeneizante da inciativa privada, onde é necessário adequar os sujeitos a novas demandas econômicas, nos propomos analisar, no presente artigo, a relação entre etnofagia neoliberal e biopolítica/necropolítica com a BNCC e a Educação Escolar Indígena.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur-e

Adrião da Silva Mendes, Universidade Federal de Pernambuco

Doutorando em educação pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (2020) e Mestrado em Educação (2023) pela mesma instituição. Tem interesse pelos seguintes temas: currículo, formação de professores, políticas na educação superior, fundamentos da educação e teorias pós-estruturalistas. Participa do grupo de pesquisa: Contemporaneidade, Subjetividades e Novas Epistemologias (G-PENSE!), linha de pesquisa: lutas por direito e produção de subjetividades 

Références

ADRIÃO, Theresa; PERONI, Vera. A formação das novas gerações como campo para os negócios? In: AGUIAR, Márcia Angela da S.; DOURADO, Luiz Fernandes. A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas. Recife: ANPAE, 2018. Disponível em: < https://www.anpae.org.br/BibliotecaVirtual/4-Publicacoes/BNCC-VERSAO-FINAL.pdf >Acesso em: 01, dez. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2017. Disponível em:

<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.p

df> Acesso em: 06, out. 2021.

CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do outro”. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Clacso, p. 87-95, 2005. Disponível: < http://biblioteca.clacso.edu.ar/gsdl/collect/clacso/index/assoc/D1204.dir/9_CastroGomez.pdf > Acesso em: 04 abr, 2022.

CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Michel foucault y la colonialidad del poder. Tabula Rasa. Bogotá - Colombia, No.6: 153-172, enero-junio 2007 Disponível em: < https://www.redalyc.org/pdf/396/39600607.pdf > Acesso em: 04 abr, 2022.

CASTRO-GÓMEZ, Santiago. EL TONTO Y LOS CANALLAS. NOTAS PARA UM REPUBLICANISMO TRANSMODERNO. Colômbia, Editorial Pontificia Universidad Javeriana, 2019.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal; tradução Mariana Echalar. - 1. ed. - São Paulo: Boitempo, 2016.

DÍAZ-POLANCO, Héctor. Etnofagia e multiculturalismo. Revista Memória, v. 200, pág. 1-13, 2005. Disponível em: https://silo.tips/queue/etnofagia-y-multiculturalismo-diaz-polanco-hector-publicado-en-revista-memoria-n?&queue_id=-1&v=1713746739&u=MTc3LjIwNy41LjE0NA== Acesso em: 06, dez, 2021.

FOUCAULT, Michel. Arqueologia do Saber;Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves – 3.ed. – Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1987.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2004.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: A vontade de saber, tradução de Maria Thereza da Costa Alburquerque e J.A. Guilhon Alburquerque.16.ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2005.

GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Periferia, v. 1, n. 2, 2008. Disponível: < https://www.e publicacoes.uerj.br/index.php/periferia/article/view/3428> Acesso em: 01, dez. 2021.

GROSFOGUEL, Ramón. Descolonizar as esquerdas ocidentalizadas: para além das esquerdas eurocêntricas rumo a uma esquerda transmoderna descolonial. Contemporânea-Revista de Sociologia da UFSCar, v. 2, n. 2, p. 337-337, 2012. Disponível em: < https://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/article/view/86/51> Acesso em: 04 abr, 2022.

HAFSTEIN, Valdimar. Celebrando as diferenças, reforçando a conformidade. In: SANDRONI, Carlos; SALLES, Sandro Guimarães de (Orgs.). Patrimônio Cultural em Discussão: novos desafios teórico-metodológicos. Recife: Editora Universitária da UFPE. 2014.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva; Guacira Lopes Louro. 12.ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2019.

LEMOS, Guilherme Augusto Rezende. Arqueologia como metodologia e biopolítica como discurso. Práxis Educacional, v. 17, n. 48, p. 178-195, 2021. Disponível em: <https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/8946/6144 > Acesso em: 04 abr, 2022.

LEMOS, Guilherme Augusto Rezende; MACEDO, Elizabeth. A incalibrável competência socioemocional. Linhas Críticas, v. 25, p. 57-73, 2019. Disponível em: < https://core.ac.uk/download/pdf/231197943.pdf > Acesso em: 01, dez. 2021.

LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Teorias de currículo. São Paulo: Cortez Editora, 2011.

MACEDO, Elizabth; MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. Currículo. Identidade e diferença. In: MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa; MACEDO, Elizabeth Fernandes de. Currículo, práticas pedagógicas e identidades. Portugal: Porto Editora, 2002.

MAHER, Terezinha Machado. Formação de Professores Indígenas: uma discussão introdutória. IN:GRUPION, Luís Donisete Benzi(org) Formação de professores indígenas : repensando trajetórias . – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2006.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: Biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte; traduzido por Renata Santos. São Paulo: n-1edições, 2018.

PELBERT, Peter Pál. Vida capital: ensaios de biopolítica. Editora Iluminuras ltda, 2016.

QUIJANO, Aníbal. Notas sobre a questão da identidade e nação no Peru. Estudos Avançados - USP, v.6, n.16, setembro-dezembro/1992, p: 73- 80.

VILLACAÑAS, José Luis. Neoliberalismo como teología política: Habermas, Foucault, Dardot, Laval y la historia del capitalismo contemporâneo. Ned ediciones, 2020.

SILVA, Tomaz Tadeu. Identidades terminais: as transformações na política da pedagogia e na pedagogia da política. Petropólis: Vozes, 1996.

SILVA, Tomaz Tadeu. A produção Social da Identidade e da Diferença. In.: SILVA, Tomaz Tadeu (Org.). Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2014.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar. Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. – Belo Horizonte: UFMG, 2010.

WALSH, Catherine. Interculturalidad crítica y pedagogia de-colonial: in-surgir, re-existir y re-viver. Revista "Entre Palabras", La Paz, Bolívia, n.3 - n.4, p. 1-29, 2009.

Téléchargements

Publié-e

2024-06-26

Comment citer

MENDES, Adrião da Silva; SALLES, Sandro Guimarães de. O discurso regulador da BNCC para a Educação Escolar Indígena: etnofagia neoliberal e biopolítica/necropolítica como sinônimos. Debates em Educação, [S. l.], v. 16, n. 38, p. e17652, 2024. DOI: 10.28998/2175-6600.2024v16n38pe17652. Disponível em: https://seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/17652. Acesso em: 12 août. 2024.

Numéro

Rubrique

Artigos

Articles les plus lus du,de la,des même-s auteur-e-s

Articles similaires

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Vous pouvez également Lancer une recherche avancée d’articles similaires à cet article.