Calu, nascedouro da luz: uma análise do conto “Sumidouro”, de Marcelo D’Salete
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.202480.173-191Palavras-chave:
Cumbe, Marcelo D’Salete, Mulher negra escravizada, Decolonialidade, InterseccionalidadeResumo
Este artigo analisa o conto “Sumidouro”, presente na obra Cumbe, uma narrativa gráfica de autoria de Marcelo D’Salete. Nesta análise, acompanho a trajetória de dor e de luta da protagonista Calu, uma mulher negra escravizada e violentada pelo poder patriarcal no contexto do Brasil colonial. Com uma abordagem decolonial e interseccional, pretendo demonstrar como a autoria reconfigura a imagem da mulher negra tantas vezes degenerada pelo racismo e pela presença do “mito da democracia racial brasileira” na literatura. Para tanto, verificarei o percurso das dores de Calu na escuridão do regime escravista e a sua subversão em luz e resistência que apontam para uma utopia forjada no seio da rebeldia negra.
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