Refletindo sobre questões linguísticas e o ensino de línguas estrangeiras
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.200128-29.59-76Palavras-chave:
Aquisição de linguagem, línguas estrangeiras, teoria linguísticaResumo
Partindo da afirmação de Chomsky, relativamente à aquisição de
uma língua materna, "quando falamos uma língua sabemos mais do que
aquilo que aprendemos", proponho-me a refletir sobre a aquisição de uma
língua estrangeira via ensino formal, delimitado pelo locus da "sala de
aula", em que uma certa relação ensino/aprendizagem está sendo não
apenas suposta, mas considerada necessária e desejável. Reconhecendo
existir um "saber que não se aprende", questiona-se de que maneira a
linguística teórica interroga os conceitos de ensino e de aprendizagem de
uma língua, fundados na relação imaginária concebida entre sujeito
aprendiz e objeto de conhecimento. A relação sujeito-linguagem no caso
da L2, via de regra, se dá pelo reconhecimento de que a língua estrangeira
é um objeto do qual aparentemente é possível ao sujeito estabelecer uma
separação nítida e consciente para aprendê-lo por partes. Nesta relação. o
aprendiz é concebido como um sujeito anterior, origem de seu discurso e
de seus sentidos, que age sobre o objeto alvo de suas intenções; a língua
estrangeira, por sua vez, assume as características de objeto passível (e
passivo) de conhecimento e de análise.