O historiador e a cartomante: diálogo de identidades discursivas em A Hora da Estrela
DOI:
https://doi.org/10.28998/2317-9945.200128-29.305-316Palavras-chave:
Discurso, história, paródia, modernidadeResumo
Na instância narradora de A hora da estrela, Clarice Lispector
combina dois pontos de vista que se cruzam e se auto-repelem: a visão do
historiador factual, Rodrigo S. M., narrador oficial capaz de promover o
discurso sério, verossímil, ligado à tradição das narrativas, e o discurso
inverso, encenado literariamente pela cartomante, que, mesmo sendo
figura da diegese, e não da enunciação, se imiscui metaforicamente no ato
de narrar, pelo qual são postos em xeque a concepção beletrista da
literatura e o conceito verista de ilusão da realidade que as narrativas, de
um modo geral, já alçaram a critério de representação literária.