Escrever para saber ser

a Auto-Socianálise como ferramenta para formação docente

Autores

  • Maria Amália de Almeida Cunha Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Juliana Batista dos Reis Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Priscila de Oliveira Coutinho Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

DOI:

https://doi.org/10.28998/2175-6600.2022v14n35p134-151

Palavras-chave:

Sociologia da educação, Ensino Superior, Formação de professores, Relação com o saber

Resumo

O artigo reflete sobre estudantes universitárias que conseguiram romper com inúmeras barreiras que dificultam uma trajetória de mobilidade social ascendente mas que, ao chegarem à Universidade, experimentam um sentimento de não pertencimento, além de viverem dificuldades para se apropriarem dos códigos exigidos pela instituição. Na disciplina sociologia da educação, ofertada para a formação inicial de professoras, trabalhamos com a auto-socioanálise, consistente na escrita de um diário de afiliação. O diário é tomado como objeto heurístico capaz de restaurar a capacidade narrativa de jovens estudantes e alcançar suas relações com o saber. Esta ferramenta revelou-se um instrumento poderoso para as jovens, capaz de levá-las à reflexão de sua situação biográfica e formá-las como professoras.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Amália de Almeida Cunha, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1993), mestrado em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1997), doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2003,) doutorado sanduíche em Sociologia - Paris X - Nanterre (2001) e pós-doutorado em Educação pela Unicamp (2018). Atualmente é professora titular na Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisadora do OSFE- Observatório Sociológico Família-Escola, do NUPEDE-Núcleo de Pesquisa em Desigualdades Escolares e do LapenSI - Laboratório de Experiências em Formação e Narrativas de Si. Leciona a disciplina sociologia da educação na graduação e e desenvolve pesquisas sobre: Trajetórias escolares, Socialização, Biografias e Histórias de vida como projeto de formação e auto-formação. Dispositivos Pedagógicos de formação: diários, ateliês de projeto, biografias educativas, práticas pedagógicas escolares. Atua nos Programas de Pós-Graduação em Educação e Docência (Profissional) e Conhecimento e Inclusão social (Acadêmico), ambos na Faculdade de Educação da UFMG. Atualmente ocupa o cargo de Sub-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação e Docência (Promestre- FaE UFMG) para o biênio 2021-2023.

Juliana Batista dos Reis, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Graduada em Ciências Sociais (Bacharelado/Licenciatura) pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005). Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos (2009). Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais com estágio sanduíche na Universidade do Porto (2014). Atualmente é Professora Adjunta do Departamento de Ciências Aplicadas à Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Integra o Observatório da Juventude da UFMG (http://observatoriodajuventude.ufmg.br). Atua nas áreas da Sociologia da Educação e Sociologia da Juventude, com ênfase nos temas: processos de socialização e individuação contemporâneos, culturas juvenis, territórios urbanos, cibercultura. 

Priscila de Oliveira Coutinho, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Professora adjunta de Sociologia da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, onde também atua como pesquisadora do observatório família-escola (OSFE/UFMG) e do Laboratório de Pesquisa em Experiências de Formação e Narrativas de Si (LAPENSI). Possui doutorado em sociologia (2015) pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ) e estágio doutoral no Centre Max Weber, vinculado ao Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e à École Normale Supérieure de Lyon (ENS- Lyon). É mestre em Ciências Sociais (2010) pela Universidade Federal de Juiz de Fora e bacharel em Direito pela mesma instituição.

Referências

BEAUD, Stéphane; AMRANIA, Younes. Pays de malheur! Un jeune de cité écrit à un sociologue. Suivi de Des lecteurs nous ont écrit, La Découverte, coll. La Découverte/Poche, 2005.

BECKER, Howard. A história de vida e o mosaico científico. Métodos de Pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo: Editora HUCITEC, 1993.

BRASIL. Ministério da Educação. Reuni: reestruturação e expansão das universidades federais – diretrizes gerais. Documento elaborado pelo grupo assessor nomeado pela Portaria no. 552 SESu/MEC, de 25 de junho de 2007, em complemento ao art. 1º, § 2º, do Decreto Presidencial no. 6.096, de 24 de abril de 2007. Brasília, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/diretrizesreuni.pdf . Acesso em: 19 dez. 2021.

BOURDIEU, Pierre. Introduction à la socioanalyse. In: Actes de la recherche en sciences sociales. Vol. 90, décembre 1991. La souffrance. pp. 3-5. Disponível em: https://www.persee.fr/doc/arss_0335-5322_1991_num_90_1_2991 Acesso em: 19 dez. 2021.

BRETON, Hervé. “Investigação narrativa: entre detalhes e duração”. Revista Educação, Pesquisa e Inclusão. Disponível em: https://revista.ufrr.br/repi/article/view/e20201/pdf_1

CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão Social- uma crônica do salário. Rio de Janeiro, Petrópolis: Vozes, 2010.

CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber - Elementos para uma teoria. Porto Alegre: Editora Artmed, 2000.

COULON, Alain. A Condição de Estudante- A entrada na vida universitária. EDUFBA, Salvador, 2008.

COULON, Alain. O ofício do estudante: a entrada na vida universitária. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 43, n.4, p. 1239-1250, out./dez. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/Y8zKhQs4W7NYgbCtzYRP4Tb/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 19 dez. 2021.

DELORY-MOMBERGER, Christine. Da condição à sociedade biográfica. Educar em Revista [online]. 2021, v. 37. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0104-4060.77147. Acesso em: 19 dez. 2021.

hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013.

KAKPO, Séverine; LEMÊTRE, Claire. Auto-socioanálise: uma ferramenta a serviço da democratização da universidade? Retorno crítico sobre uma experiência pedagógica. Revista Linhas. Florianópolis, v. 21, n. 45, p. 144-164, jan./abr. 2020. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1984723821452020144. Acesso em: 19 dez. 2021.

GAULEJAC, Vincent. As origens da vergonha. São Paulo: Via Lettera, 2006

LETOURNEUX, Frédérique; MENGNEAU, Juliette; MESCLON, Anna; VERON, Daniel. Pensar um sucesso alternativo na universidade – Reclassificar experiências de professores e de estudantes com base na auto-socioanálise. Revista Linhas. Florianópolis, v. 21, n. 45, p.233-259, jan./abr. 2020. http://dx.doi.org/10.5965/1984723821452020233 Acesso em: 19 dez. 2021.

MILLS, Wrigth. Sobre o artesanato intelectual e outros ensaios. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

PEREIRA, Daniella de Almeida. “FAZENDO O IMPOSSÍVEL”: o sobre-esforço juvenil diante das desigualdades e a potência dos cursinhos populares. Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional Educação e Docência – Promestre – da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação, 142 f., 2021.

PORTES, Écio Antônio. O trabalho escolar das famílias populares. In: NOGUEIRA, Maria Alice; ROMANELLI, Geraldo; ZAGO, Nadir. Família & escola: trajetórias de escolarização em camadas médias e populares. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

PRATES, Antonio Augusto Pereira; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira. A expansão e as possibilidades de democratização do ensino superior no Brasil. Caderno CRH, Salvador, v. 28, n. 74, p. 327-339, Maio/Ago. 2015.

RIBEIRO, Carlos Antonio Costa; SCHLEGEL, Rogerio. Estratificação horizontal da educação superior no Brasil (1960 a 2010). In: ARRETCHE, Marta (Org.). Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos. São Paulo: Editora Unesp, 2015.

SCHÜTZ, A. Fenomenologia e relações sociais. Rio de Janeiro: Zahar; 1979.

VAN GENNEP, Arnold. Os ritos de passagem. Editora Vozes: Petrópolis, 2013.

VIANA, Maria José Braga. Longevidade escolar em famílias de camadas populares – Algumas condições de possibilidade. In: NOGUEIRA, Maria Alice; ROMANELLI, Geraldo; ZAGO, Nadir. Família & escola: trajetórias de escolarização em camadas médias e populares. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

YOUNG, Michael. Para quê servem as escolas? Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 101, p. 1287-1302, set./dez. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/GshnGtmcY9NPBfsPR5HbfjG/?lang=pt. Acesso em: 19 dez. 2021.

Downloads

Publicado

2022-08-31

Como Citar

CUNHA, Maria Amália de Almeida; REIS, Juliana Batista dos; COUTINHO, Priscila de Oliveira. Escrever para saber ser: a Auto-Socianálise como ferramenta para formação docente. Debates em Educação, [S. l.], v. 14, n. 35, p. 134–151, 2022. DOI: 10.28998/2175-6600.2022v14n35p134-151. Disponível em: https://seer.ufal.br/index.php/debateseducacao/article/view/13724. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê "Estudantes da universidade, narrativas e relação com o saber"

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

Artigos Semelhantes

<< < 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.